segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Procura-se um Amante

Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um. Há também as que não têm, e as que tinham e perderam.
Geralmente são essas últimas as que vêm ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro ou as mais diversas dores. Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalha apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Várias são as maneiras que encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme:
"Depressão", além da inevitável receita do antidepressivo do momento.
Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que elas não precisam de nenhum antidepressivo; digo-lhes que elas precisam de um AMANTE!
É impressionante ver a expressão de seus olhos ao receberem meu conselho.
Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas?!"
Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais.
Aquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte: AMANTE é aquilo que nos apaixona. É o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.
O AMANTE a que me refiro, é aquele, ou até aquilo, que nos mantêm distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o AMANTE em nosso parceiro, outras, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis.
Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto...
Enfim, é algo que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do triste destino de "ir levando".
O que é "ir levando"? Ir levando é ter medo de viver. É o vigiar da forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar, decepcionado, cada ruga nova que o espelho insiste em nos mostrar a cada dia, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.
Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo novo, qualquer coisa, amanhã.
Pelo amor de Deus, jamais se contente com o "ir levando". Procure um amante. Seja também um amante e, acima de tudo, seja você o protagonista da SUA VIDA.
Acredite: o trágico não é morrer, afinal a morte tem boa memória e nunca se esquece de ninguém. O trágico é desistir de viver. Por isso, e sem mais delongas, procure um amante...
Para se estar satisfeito, ativo e sentir-se jovem e feliz, é preciso NAMORAR a VIDA“.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ensaios da Cegueira


Um homem parado no sinal vermelho. O sinal abre e ele continua ali parado, estático. A buzinação se inicia. É o ponto de partida para perceber que não enxergava mais nada. A priori pensa que é engano , mas aos poucos percebe o pavor . A ausência de cor toma conta de tudo. Tudo passa ser branco. Mostrando que independente da cor ,o pavor é o mesmo.O homem grita, pede ajuda. Mas ninguém entende , a situação é surreal.
A cada contato, a cegueira se alastra. É uma epidemia. Os infectados são isolados do resto da população , criando assim um mundo dos cegos.
É constituída uma sociedade de cegos com todas as suas dificuldades,seus problemas , carências. Neste ambiente uns tentam prevalecer sobre outros através da força e do medo. Com o tempo formam-se dois grupos: os exploradores que se organizam de imediato e os explorados que demoram a perceber a necessidade de trabalhar em conjunto. Dentre os explorados , existe alguém que não foi infectado , e este fará a grande diferença para saírem daquela situação.Da mesma forma que chegou, a epidemia vai embora.
Saramago mostra quanto o ser humano é frágil, pois diante de uma falta de capacidade todo tipo de sentimento vem à tona. Neste enredo, as personagens não tem nomes, o que aparece são os sentimentos, as ações. Estas atitudes são as identidade delas que agem por puro extinto.

NOSSO CURSO DE FORMAÇÃO


Na primeira semana de março, na cidade de São Salvador, aconteceu o primeiro encontro do curso de formação do Gestar II; tendo como orientadora da UNB, a professora Lenita Fogaça. A turma é composta por diversos municípios, alguns com experiência em fazer formação outros não, mas todos com muita vontade de fazer acontecer o Programa no seu município.
O segundo encontro: a paixão. No início do mês de agosto, nos reencontramos para apresentarmos como estava o Gestar em cada município, além de adquirir e trocar mais conhecimentos. A semana foi tão acolhedora que nem percebemos passar. Retornamos para nossas cidades com muita saudade, mas levando nossos amigos no coração.
O terceiro encontro: a saudade. Depois de muitas data marcadas e desmarcadas, nos encontramos por dois dias no início do mês de dezembro. Muitos beijos , muitos abraços, muitas fotos. Começaram as apresentações sobre o comando de nossa orientadora: Lenita Fogaça . Alguns municípios concluíram o Programa, outros como é o caso de Feira, ficará o término para 2010.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Nossos Cursitas





































Biografia

Este memorial será uma forma de homenagear uma das pessoas mais importantes da minha vida, minha mãe.
Mãe, mulher,fortaleza, porto seguro: Antonia, ou melhor D. Antonia. Nasceu em Salvador , final da década de 30. Negra, pobre, filha de pais não-letrados, em uma família de quatro irmãos. Ainda muito cedo foi morar com a avó – Dona Idalina, tempo de felicidade, de carinho. Os anos passam, D. Idalina falece. A vida muda de ponta-cabeça, é obrigada a voltar para casa dos pais, depois de muitos anos, encontrando mais dois novos irmãos. Percebendo depois de um tempo, que a relação de família não mais existia. Ali era só mais um alguém para fazer as coisas, um “burro de carga” para os afazeres domésticos. Tinha um desejo de ir para Escola, mais isso era impossível não só pela forma que era tratada, mas tinha que cuidar da casa e de seus
irmãos, além de ajudar sua mãe nas “lavagens de ganho”.
O tempo passou , o desejo de aprender a ler era grande. Então aparece uma tia distante , que faz com que ela ingresse na Escola.
A entrada no mundo letrado vez toda diferença, seu mundo passou a ter um novo significado, e a vontade de concretizar seu sonhos ficaram mais latentes. Torna-se o destaque da turma, e ganha um livro por causas de suas notas, despertando , assim o gosto pela leitura. Com muita dificuldade consegue concluir seus estudos.
Na fase adulta , torna-se costureira de um atelier para tentar melhorar as finanças da família. È neste momento de sua vida que conhece Manoel, a grande paixão. Ele será o divisor de águas na vida dela, pois além de amá-la realiza todos os seus sonhos financeiros.
Dessa forma, a vida sofrida de D. Antonia tinha tomado um rumo novo. Casaram-se em 1964. No final do ano seguinte, nasce Renato, o primogênito. Tiveram ainda, mais três filhos: Silvana, Junior e Denize.
Depois de onze anos de cumplicidade, alegrias, mimos, etc; morando em Feira de Santana, o marido morre. A vida mais uma vez fica de "ponta cabeça". Viúva, quatros filhos pequenos para criar , mas isso já outra história, quem sabe um dia tome coragem e conte.


Silvana Guerra

Memorial Leitor

Ler é um exercício. Quando se gosta de ler, ler-se de tudo: livros, rótulos de detergentes, sacos de salgadinhos, recitas de bolos, poemas de amor ou de dor, notas de falecimentos. Tudo é devorado pelos olhos.
Silvana, leitora de tudo que vê não apareceu da noite para o dia; foi um aprendizado árduo, conquistado a cada dia.Nascida numa família de leitores. pai autodidata, aprendeu a ler sozinho, falava inglês. Mãe costureira, mas se comportava como uma professora, pois mesmo nas férias, a rotina da Escola era mantida - leitura de algum livro, cópia, tabuada, etc. Naquela época, achava uma grande tortura, porque o que mais queria era brincar de mãe da rua, picula, chuta-lata, castanha. Gostava também, de ouvir histórias de assombração.
Na Escola, momentos de saudade. O primeiro contato com as letras: "O sonho de Talita". Aos poucos, vai desvendando o emaranhado de letras, e despertando o gosto pela leitura. Até que na 3ª série, aos oito anos entra em contato com "O Pequeno Príncipe". O castelo de Letras ruiu, a leitura não era mais interessante. Nada naquele livro fazia sentido. Leitura passa a ser algo detestável. A exceção eram as HQs da Turma da Mônica. O tempo, tempo, tempo passou.
Na sexta série, "O Menino do Dedo Verde" aparece, e a identificação é imediata com a personagem Tistu. Aquele menino parecia real com problemas semelhantes. Ele não foi lido; foi devorado inúmeras vezes. Abrindo assim, as portas que tinham sido fechadas anos atrás. A partir deste dia, nasce uma leitora que não tem preferência por autor, mas gosta de livros bem escritos.

Silvana Guerra